quarta-feira, 22 de junho de 2011

Atos proféticos = macumba gospel

A pergunta que responderemos hoje, em nossa série Doutor Bíblia Responde, poderá nos levar á fúria dos “evangélicos” de nosso tempo. Nosso leitor, André Rodrigues, nos envia a seguinte questão:

Olá. Gostaria de saber o que são, na verdade, os atos proféticos tão praticados atualmente nas igrejas, e quais as relações (se é que têm relação) com os atos proféticos do Velho Testamento...”.

André, vou responder de modo curto e grosso, para depois expandir mais a resposta. Então, que os “evangélicos” segurem o rojão:

O que são os atos proféticos praticados em (muitas) igrejas evangélicas hoje? São trabalhos de macumbaria, travestidos como mensagem do Evangelho, e roupagem cristã judaizante. Ato profético é feitiçaria gospel!

Qual a relação de tais atos proféticos com os atos proféticos do Antigo Testamento? Não há qualquer relação, pois no Antigo Testamento não havia atos proféticos, pelo menos, não nas configurações neopentecostais.

ANATOMIA DOS ATOS PROFÉTICOS NEOPENTECOSTAIS

Boa parte da Igreja Evangélica de nossos dias foi invadida por práticas pagãs, as quais se enraizaram tão fortemente na mente e no coração das pessoas, que estou convencido de que frequentar uma Igreja Romana seria, anos luz, mais saudável. Claro, refiro-me, somente, as Igrejas Evangélicas que seguem tais práticas. Infelizmente, são muitas; talvez, a maioria delas.

Em ditas “igrejas”, o pastor virou xamã, revestindo-se da mesma mística, e dos mesmos poderes, que antes eram propriedade dos feiticeiros das casas de macumba. Os crentes, assim como os que buscam os terreiros, transformaram-se numa multidão de adoradores mercenários, a procura de um “cristo talismã”, que lhes desamarre os caminhos.

Mas, ainda precisamos relacionar os “atos proféticos” com os trabalhos de macumbaria. Coisa fácil de se fazer. Basta compararmos as duas anatomias. Um trabalho de macumba nada mais é que o homem valendo-se de ritos, e de objetos, a fim de manipular a ação da Divindade (ou das divindades, dependendo do caso).

Jostein Gaarder, na obra “O Livro das Religiões” (Cia. Das Letras), nos fornece uma descrição muito valiosa sobre o que seria a “magia”:

... o ser humano que se vale de ritos mágicos, ele está tentando coagir as forças e potencias a obedecer à sua ordem – que com frequência consiste em atingir finalidades concretas. Desde que os rituais mágicos sejam realizados corretamente, o mago acredita que os resultados desejados decerto ocorrerão, por uma questão de lógica”.

Se você trocar “mago” por “pastor”, “apóstolo”, ou mesmo “levita”, obterá um retrato fiel da espiritualidade 'evangélica' alimentada por muitas pessoas. Atos proféticos, e pontos de contato (como sabonetes, chaves, e rosas ungidas), possuem a mesma utilidade dos ritos e objetos utilizados em rituais de magia.

Pode ser que alguém nos imagine exagerando, então, vamos pedir a opinião do 'Paipóstolo' Rene Terra Nova, entusiasta e incentivador de “atos proféticos”:

Mas, o que é um ato profético? É uma expressão, uma atitude visível da Igreja que tem uma referência e um respaldo no mundo espiritual. Digo que o ato profético é uma mensagem enviada ao reino do espírito que ratifica a ação da fé e da Palavra” (Atos proféticos, comando de Deus ou invenção humana?, MIR).

Mensagens enviada ao “mundo do espírito”, a fim de que o “pastor” e o “crente” consigam conquistar alguma coisa desejada no “mundo físico”. Ato profético, portanto, é um meio do homem manipular o mundo espiritual, inclusive a ação dos demônios:

Se conhecermos a potencialidade da cobertura espiritual, impediremos que o diabo entre em nossas fronteiras, migre pelas bre­chas ou assalte pelas arestas. Os atos proféticos são uma ferramenta de Deus para impedir que sejamos apanhados de surpresa. Na verdade, é uma chamada de Deus para não permitirmos que o diabo adentre no nosso arraial... A realização desses atos emite mensagem no mundo espiritual, imobilizando a atuação do diabo e desatando a ação da igreja.” (Idem).

Em outras palavras, o pastor assumiu o lugar do feiticeiro, especializando-se em manipular as forças espirituais a seu favor. Seu suposto poder é tão grande, que inventou também a Cobertura Espiritual, com o que ameça os rebeldes – os que lhes questiona - de serem amaldiçoados por Deus. Os macumbeiros mais poderosos hoje, estão em cargos de liderança nas ditas Igrejas Evangélicas.

E OS ATOS PROFÉTICOS BÍBLICOS?

Não há atos proféticos na Bíblia, nem mesmo no Velho Testamento. Vamos recordar a definição do xamã gospel Rene Terranova: “Digo que o ato profético é uma mensagem enviada ao reino do espírito que ratifica a ação da fé e da Palavra!”. Em que lugar das Escrituras lemos sobre patricarcas, profétas ou apóstolos realizando atos que eram “mensagens enviadas ao reino do espírito”? Em lugar algum!

O que esses falsários, sabios analfabetos em exegese, fazem, é sequestrar profecias bíblicas, deturpá-las de seu sentido natural e Evangélico, a fim encaixá-las em seus manuais de feitiçaria. Terranova apresenta sua primeira “prova” de que atos proféticos são bíblicos, valendo-se de Genesis 3.15:

Você sabia que em Gênesis 3, quando Adão e Eva se esconderam atrás das folhas de figueira, Deus estava apontando para a cruz?” (Idem).

Todo cristão que já foi a Escola Dominical sabe que Genesis 3.15 aponta para a Cruz de Cristo; Terranova não fala qualquer novidade aqui. Mas, que Genesis 3 tem de ato profético? Se um ato profético é uma “mensagem enviada ao mundo do espírito”, onde encontramos tal coisa no texto de Genesis 3, ou em qualquer outro texto inspirado pelo Espírito Santo?

O que encontramos em Genesis 3 não é um ato profético, não é um ritual de manipulação do mundo espiritual, mas uma tipologia; ou seja, um evento histórico que simbolizava a Obra de Cristo. Seu objetivo não era manipular o mundo espiritual, como ocorre nos atos proféticos, mas sim ensinar o povo de Israel sobre a realidade que estava por vir: Cristo!

Por esse motivo o Novo Testamento chama o Velho de “sombra”, pois é composto de eventos históricos, e da ritualística da Lei, que simbolizavam a realidade futura, feita presente no tempo na pessoa do Cristo: “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombra das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Colossenses 2.16,17).

De modo que, os simbos do Antigo Testamento não eram atos proféticos que enviavam mensagens ao “mundo do espírito”, mas sim, símbolos que transmitiam mensagens aos homens, visando ensiná-los na Verdade.

Ainda mais ridícula é a tentativa de identificar atos proféticos no Novo Testamento. Sobre isso Terranova ensina: “A pregação do Evangelho, o batismo nas águas, a ceia do Senhor, a unção com óleo, o dízimo e a oferta são atos proféticos que serão realizados pela igreja, até que o Messias volte”.

Ora, desde quando enviamos mensagens ao mundo do espírito quando comemos do Corpo e do Sangue de Cristo? Desde quando enviamos mensagens ao mundo do espírito quanto somos conduzidos as águas do Batismo? Qual lugar da Escritura ensina tal insanidade? O ensino bíblico sobre a Ceia, por exemplo, é que a mesma consiste em um serviço de adoção a Deus (Liturgia), e uma proclamação publica (feita aos homens!) da mensagem do Evangelho: “Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha!” (I Cor. 11.26).

Ainda que os seres celestes, de fato, nos assistam na trajetória cristã, inclusive em nossos serviços liturgicos (I Cor. 4.9; 11.10); o Culto Público é prestado a Deus, e somente a Ele; transformar o Culto em uma mensagem enviada ao “mundo do espírito”, a fim de manipular forças espirituais, é paganizar a fé cristã! A simbologia liturgica do cristianismo, em boa parte perdida no pós-puritanismo, não nos coloca em contato com o mundo dos espíritos, mas nos ensina sobre a realidade escatológica por vir:

O culto, portanto, é uma assembleia de antecipação escatológica. Vejam que Cristo lhe dá esta dimensão quando diz, na instituição da Santa Ceia, substituta da Páscoa judaica: "Pois vos digo que nunca mais a comerei, até que ela (a Páscoa) se cumpra no reino de Deus" (Lc 22.16). Toda vez, pois, que se celebra a Santa Ceia o quadro simbólico do culto sacrificial se repete e uma antevisão escatológica se realiza” (Rev. Onézio Figueiredo, citado em Conta-gotas de sabedoria)

O que a simbologia bíblica reflete é uma pedagogia divina, e não um ritual de magia; porém, os xamãs evangélicos querem deturpar até a pedagogia de Cristo. Como todo leitor das Escrituras há de saber, Jesus sempre fez uso de parábolas e ilustrações para transmitir seus ensinamentos; para os feiticeiros evangélicos, o que Jesus fazia era “atos proféticos”. Com a palavra, Rene Terranova:

Jesus utilizou-se de muitas figuras do reino físico para ilustrar mensagens alusivas ao reino do espírito. Quando disse: destruirei esse templo e em três dias o reconstruirei, Ele falava numa linguagem profética (Jo. 2:19). As pessoas ao ouvirem-no olhavam para um templo físico, enquanto o Mestre aludia-se ao espiritual. Eles diziam: como o Senhor fará tal feito em três dias se nossos pais levaram 40 anos constru­indo esse templo?”.

Observem, apesar de sua fixação pelo tal “reino do espírito”, Terranova não é completo ignorante em exegese. De fato, Jesus se valia de elementos do mundo físico para ilustrar verdades espirituais. Até aqui nada a acrescentar. O que destoa o discurso mágico dos neopentecostais, é alegar (ou mesmo insinuar) que as parábolas utilizadas por Jesus eram “atos proféticos”, os quais são “mensagens enviadas ao mundo do espírito”. Uma parábola é o que uma parábola sempre foi: um método didático, que, obviamente, objetiva ensinar aos homens!

Quando Jesus quis enviar “mensagem” ao “reino do espírito”, Ele não fez uso de parábolas, nem de quaisquer outra classe de figuras, simplesmente ordenou Sua vontade:

E andava pastando diante deles uma manada de porcos. E os demônios rogaram-lhe, dizendo: Se nos expulsas, permite-nos que entremos naquela manada de porcos; e Ele lhes disse: Ide!” (Mateus 8.30-32).

Se Jesus seguisse o manual neopentecostal dos gedozistas, teria feito um ato profético! Talvez, imagino, tivesse ordenado aos discípulos criar um boneco de porco, a fim de arrebentá-lo a pauladas, com muita autoridade, enviando assim, uma mensagem ao “mundo do espírito”, 'liberando' (sic) o caminho de sua pregação. Ou, se o tempo fosse curto, ordenaria que todos levantassem a barra das saias, e saíssem urinando nas cercas do nefasto chiqueiro, demarcando território; coisa bem apropriada para Aquele que é o Leão (risos).

Todavia, o alvo das parábolas, apesar de didático, não era facilitar o entendimento das pessoas, mas sim, forçá-las a meditar mais seriamente nas realidades espirituais nelas inseridas (João 16.29,30). Um outro objetivo das parábolas de Jesus, normalmente negligenciado por pregadores populares, era impedir que os reprobados compreendessem a Mensagem do Evangelho:

Ele, respondendo, disse-lhes: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado... Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e vendo, vereis, mas não o percebereis!” (Mateus 13.11, 13-14).

Atos proféticos? Não, método didático, assim como as figuras e os rituais do Antigo Testamento.

Que são os atos proféticos feitos em muitas igrejas? São trabalhos de feitiçaria, com roupagem cristã e judaizante, cujo objetivo é manipular o reino dos espíritos, enviando-lhes comandos e ordens. Qual a relação com os atos proféticos bíblicos? Não há relação, pois a Bíblia não ensina nada sobre tal prática. Apesar da Bíblia estar repleta de simbologias, o alvo das mesmas, como vimos, é servir ao ensino dos crentes, e não manipular o mundo espiritual.

Que o Senhor nos ensine a caminhar na simplicidade do Evangelho.


Leia Mais em: Genizah

domingo, 19 de junho de 2011

Edir Macedo e Juliana Paes no bar da boa!

Eu acho que ninguém lê esse blog, to aqui gastando saliva a toa.... como se eu gostasse de conversa fiada!! o.0
Vai lá o teste: li no Genizah e achei engraçado demais, o que vc acha?? Comenta  aí!


A declaração de Edir Macedo dando conta de que ele têm o hábito de tomar cerveja, bem poderia se tornar uma oportunidade para abrirmos aqui um bom debate sobre o assunto, com a defesa das diversas posições sobre a questão do consumo de bebidas alcóolicas por crentes. 

Eu poderia até dar a minha opinião, risos. Mas para o bem do meu sossego, eu "chamo os universitários" e vou para a rede aproveitar o feriado, risos. 

Até porque, como o meu hábito é igual ao de Lutero, Calvino e Jesus, corro o risco de ser esculhambado, risos.

Agora sério: Acho que o fato de um líder evangélico brasileiro, em especial neopentecostal, confessar consumir bebida alcoólica tem muita relevância e, definitivamente, justifica um debate.

CONTUDO, EDIR MACEDO não é lidér evangélico, pois lidera uma seita que prega um evangelho falso, sem respaldo nas Sagradas Escrituras e é seguido, majoritariamente,  por pessoas que não tem na Bíblia a sua única regra de fé e conduta. A maioria segue e imita homens, os líderes da universal, e não ao Senhor. 
E se não vamos falar sério do assunto, só nos resta dar a declaração de Edir Macedo o único uso digno que lhe resta: ser MATERIAL PARA COMÉDIA. Eu creio que há pouca coisa que irrite mais os filhos das trevas do que serem alvos da mais deslavada esculhambação, tarefa que cumpro com deleite em se tratando deste enganador.


O que Genizah disse no TWITTER sobre a declaração de amor de Edir Macedo a cerveja :


  • BRAHMA assina contrato com a Universal para patrocínio dos cultos do Edir Macedo.


  • Edir macedo deverá substituir Zeca Pagodinho como garoto propaganda da Brahma.


  • Nova musica de abertura dos cultos da universal:
    • Record informa que o programa "Fala que eu te escuto" passa a se chamar    "Bebe que eu te aturo" com o patrocínio, claro, da Brahma!
    • Bebe que eu te aturo terá o formato de balcão de bar. Membros da IURD de cara cheia contam seus problemas ao barmam-bispo.
    • Cerveja ungida da "universete" é a BOA do carnaval. Juliana Paes se revolta.
    • Fogueira Santa quase vira tragédia devido ao bafo dos pastores. Fogo atinge o bar do templo e lambe o estoque de goró do bispo.
            • Edir Macedo cancela os planos de contruir o templo de salomão e abre o Bar da BOA gospel. O slogan é: Pare de sofrer, tome uma cerveja.
            •  E antes de encerrar o culto, vamos à saideira, amem gente?
            • Se você não dizimar, será sempre refém do fracasso, mas se você tomar todas antes de vir para a igreja, poderá esquecer que dizimou e dizimar outra vez semana que vem,  amem gente?
              • @andreribeirao disse:  Antes eu só tomava cerveja que dava uma dor de cabeça do diabo, mas agora que eu vim pra igreja e só tomo cerveja de deus  #BENÇA PURA
              A senhora sofre, o senhor sofre... Doença, traição, miséria, depressão, suicídio, inveja. Pare de sofrer AGORA! Será amanhã. No templo Maior. Na avenida suburbana. Venha e traga a sua família...
              Para a CHOPPADA DOS 318 garçons consagrados! Venha tomar todas conosco e leve para a casa a sua CANECA UNGIDA.

            terça-feira, 7 de junho de 2011

            Campeonato de skate


             APA. Associação Patinadores de Anápolis Go.

            APA. Comunica que estará realizando o 1° Encontro de Patinadores da
            Patinação Radical.
            Nos dias 18 e 19 de Junho de 2011, em Anápolis
            . O
            evento será realizado em parceria com o Galpão Skate Park, Igreja
            Assembléia de Deus Ministério de Anápolis do Bairro São Carlos, Vectra
            Sistemas. Com apoios: Midway, Cruzada pela Dignidade das Pessoas
            Humanas, Loja OPZE, Loja Agrressive e Prefeitura Municipal.

            O encontro tem por finalidade promover um dia de historia do esporte
             no município, desde seu inicio até os dias atuas. Onde os novos
            patinadores encontrarão os veteranos que ainda praticam a modalidade.

            A competição:
            Haverá uma competição para celebrar esse encontro em duas categorias:
             Master, e Plus Máster. Competidores deverão ter idade acima de 26 anos.

            Dia 18 sábado compete a categoria Plus Master.
             Competidores acima de 30 anos.

            Dia 19 Domingo a categoria Máster de 26 até 30 anos.
            Nesse dias, haverá apresentações de bandas de Rock, e Rapper, e moto
             free Style. E exposição de fotos e artigos históricos com jornais e
            matérias de reportagem etc...

            > O local do evento: Galpão Skate Park.
             Rua Perimetral n° 58 lt.19 Bairro São Carlos.
            > Informações:  Paulinho 9271-6161/ Marcelo Amaral 9211-2316

            quinta-feira, 2 de junho de 2011

            Ternos com e sem ternura

            por Braulia Ribeiro

            Não gosto dos ternos Armanis requintados, risca de giz, gola da moda, gravatas de seda que enfeitam o congresso. Não gosto de suas camisas combinando, sapatos lustrosos, e já posso imaginar-lhe o cheiro,  cheiro caro, cheiro de um Brasil vendido, imoral, que se escarnece de nós, que nos tira o sono.

            Não gostei  tempos atrás dos ternos do pingüinário religioso que me rodeou em uma conferência que fui, que me olhava sem  me ver, eu representando missões,  uma parte do evangelho que eles queriam esquecer. De Riachuelos a Boss – tinha de tudo. Não lhes gostei dos escargots, foi-grass, cheiro de gasolina azul nos carros importados, tudo justificado teológicamente,  parece que pastores e jogadores de futebol tem aspirações semelhantes. Carrões e mulheres não estão longe de nosso imaginário, a mulher mais um bem de consumo, numa cosmovisão em que Deus valoriza mais as coisas do que as gentes e que como Alá, coa mosquitos mas engole camelos.

            Ternos políticos são lascivos por poder, entorpecidos de manipulações, revendem almas, revendem nomes de família. Ternos políticos pavoneam-se pelos corredores de Brasília e aeroportos do Brasil, nos dizendo que não merecemos mais do que temos.

            Ternos evangélicos  se politiquizam sem politizarem-se, se empulpitam sem nos trazerem mensagens, se apoderam de pessoas, sem ajudá-las. Poder e controle, ao invés de autoridade e amor é o que terno me diz, sem querer querer querendo.

            Gostei no entanto de um terno que vi diante de mim numa manhã de sol. Era domingo, dia de ir à praia para os cariocas, ao parque para os paulistas, ou só de sentar na frente da TV ouvindo os intoleráveis achincalhes dos programas de auditório, vendo o time ganhar ou perder mais uma vez no tapete verde. Mas para certos terninhos,  graças a Deus  é dia de igreja. Passou na minha frente um terno surrado, gola puída de muitos domingos. Seu ocupante vinha de bicicleta, célere, sorriso nos lábios, bíblia na garupa amarrada com elástico.

            A Bíblia dele é maiúscula, surrada e onipresente do móvel de fórmica azul da casa,  à garupa da bicicleta barra  forte,  suada de mãos e dedos que dançam nos seus versos, nas suas histórias. Apesar do calor e do suor aquele terno me pareceu lindo, quase dourado de estilista brilhando no calor do sol. Aquele terno representa o não à angústia do brasileiro sem identidade, o encontro do ser humano com o Criador e consigo mesmo. Redenção não só da morte, mas da segregação social, do ostracismo econômico, da incapacidade moral.

            Do mesmo jeito também reluzem bonitos  os ternos nas cadeias públicos, vistos em cores no filme Carandiru, onde a igreja evangélica significa esta cura social, uma saída ao crime, ilha de alegria  no meio do inferno. Não lhe importa a placa, as músicas rasgam o céu, da pregação sai um jorro de esperança sem ponto nem vírgula. É a igreja evangélica luz nas trevas, vida na morte, liberdade na prisão. Igreja evangélica farol moral numa tempestade de relativizações éticas, e vendavais de permissividade.

            Como o terno de tergal da nossa igreja evangélica se tornou o Boss- sal sem sabor, não sei.  Um dia  o terno puído se encontrou com o Armani do poder e gostou de  ficar ombro a ombro com ele. Espero o dia em que  ele vai sair de lá. O terno que veste o homem da honra  e o risca de giz que veste o homem de si não cabem no mesmo lugar.



             Braulia Ribeiro é colaboradora do Genizah